segunda-feira, 25 de abril de 2011

Nada como um dia após o outro

Os dias vão passando e a gente vai deixando... Deixando coisas prá trás, deixando planos prá frente. Deixando amores e revendo dores. Ainda bem que entre os dias tem uma noite no meio. Boa semana!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sobre a doação de um dos bebês

Consultando ontem o meu facebook, deparei com diversos comentários à respeito do caso dos bebês trigêmeos que nasceram de um tratamento de infertilidade, e cujo pai ofereceu um deles para doação. Triste! Dramático! Chocante! e Muito mais... Concordo totalmente e sinto do mesmo modo!! Os bebês criam este tipo de emoção em nós adultos. É uma forma que a naturea encontrou para garantir que os adultos cuidem dos seus bebês: ora, eles dão um trabalho "do cão" (rsrs) mas "são tão fofos", "tão ingênuos", "tão desprotegidos" - diversos superlativos que nos fazem querer ficar próximos a eles e dar-lhes tudo o que necessitam. Porém, o que realmente, bebês necessitam?? Falemos um pouco disto. É importante se despir de paixões para entender do que realmente se trata: existem aí três bebês recém-nascidos. Não são bebês quaisquer e, sim, acabados de nascer, o que os leva a uma condição muito particular. Especialmente, do ponto de vista emocional. Bebês que acabaram de nascer não completaram sua formação. Nem biologicamente, muito menos emocionalmente. Neste sentido é PÉSSIMO serem afastados da mãe - bebês que acabaram de nascer precisam ser cuidados por aqueles (aquela) que já "os conhecem", aqueles (aquela) que já construíram emocionalmente uma história/laço com eles - é a partir desta experiência emocional que eles (bebês) iniciarão a construção das bases emocionais que, um dia, na melhor das hipóteses, os levará a condição de indivíduo/sujeito humano, maduro, e pronto, e apto a contribuir social e culturalmente para o mundo onde vive. Ao invés de seres humanos delinquentes, ou esquizofrênicos, psicóticos, etc. As experiências traumáticas que ocorrem nos períodos iniciais da vida são as experiências que geram as patologias mais graves - esquizofrenias, etc. Por ex.: afastamento da mãe(pais), no sentido do que lhes é primeiramente familiar de forma tão absolutamente abrupta, ou seja, serem "jogados" num universo TOTALMENTE desconhecido, como um abrigo. Não esqueçamos que bebês "conhecem" suas mães - a voz, o cheiro, a temperatura do corpo, o ritmo cardíaco, etc, etc. Estes são os elementos com que se relacionam, quando acabaram de nascer, e estes elementos familiares é que servem de elo com o restante do entorno, desconhecido até então. Estes elementos são veículos de segurança emocional e auxiliam na aventura de se lançar no mundo, até crescerem e poderem lidar com mais e maiores complexidades encontradas na vida extra-uterina. Enfim, o assunto é BASTANTE denso, vasto e me deixa PROFUNDAMENTE alarmada o modo como nossas autoridades lidam com isso. Acho TRISTÍSSIMO o que está acontecendo em relação a estes trigêmeos, em que um deles seria escolhido para doação, para todos os envolvidos- mãe, pai, bebês (os maiores prejudicados, sem nenhuma dúvida!), profissionais, outros familiares, etc.... Mas, é importante perceber que a situação tem implicações muito mais amplas "do que a nossa vã filosofia", e do que nossas paixões. ... É necessário que haja discussões multidisciplinares, onde os psicanalistas, em particular, com experiência na área da relaçao mãe-bebê (que é uma área de estudo específica dentro da psicanálise)tenham a palavra junto as autoridades responsáveis.
Esta circunstância me remete ao caso das grávidas detentas: elas são presas quando grávidas, e tem o neném na prisão. Aos seis meses de idade o bebê é retirado dos seus braços, de um dia para o outro, sem nenhum preparo deste bebê, sem qualquer conhecimento deste daqueles cuidadores que serão seus agora, sem que estes cuidadores, por sua vez, tenham convivido com esta mãe, para conhecerem o modo como este bebê está costumado e conhece ser tratado, etc, etc,etc. Isto não é detalhe. Nem tampouco, a discussão gira em torno da questão sobre se é ou não bom para um bebê estar no ambiente de uma prisão (não é este o ponto(!). O foco aqui é o modo como o bebê está acostumado a ser tratado. O tom de voz da mãe, suas mudanças de humor traduzidas para o bebê através do olhar, da pressão dos abraços, da receptividade dela durante as mamadas, o cheiro que ela tem, e também o aroma do leite, a temperatura do seu corpo e os ritmos deste corpo - o bebê fica com o ouvido bem próximo ao coração da mãe, quando deitado em seus braços, e vai "registrando" o ritmo dos batimentos cardíacos, este sinal velho conhecido, desde a vida intrauterina (esta é a mamãe!). É TUDO o que ele tem de referência do que é o mundo (!!!). Ok - aos seis meses os bebês já se desenvolveram MUITO do ponto de vista emocional e fisiológico/orgânico, não são mais recém-nascidos. Isto faz muita diferença. Mas, ainda tem um aparelho psíquico precário para lidar, por exemplo, com um mundo inteiramente novo que vão encontrar ao serem afastados de suas mães abruptamente(considerando os sinais a que me referi). Volto a repetir: é muito grave o que está acontecendo por aí, no modo como as autoridades estão "enxergando" serem as necessidades dos bebês, e no modo como estão encaminhando estas situações. A solução NÃO É, NECESSARIAMENTE, retirar IMEDIATAMENTE, sem qualquer preparo, os bebês de suas mães e/ou famílias. Volto a dizer: a situação não é simples e requer reflexão bem fundamentada, sem paixões e com conhecimento de causa. Abçs gerais!