Algumas amigas minhas leram a 1ª postagem que fiz, sob este mesmo título (em 03 de fevereiro de 2009). Comentaram que naquela altura - ambas chegando aos 50 anos, muiita coisa já tinha lhes acontecido realmente. Vi que era necessário escrever logo o 2º capítulo do meu texto, para esclarecer meu propósito. Independente da idade que você, leitor, tenha agora, sabemos que já foi, e, já deixou de ser, um bebê: você já sabe ler, compreende o que lê, ou seja, já ingressou no universo simbólico - marca da natureza humana, e fez uma enormidade de progressos, desde que nasceu. "Pois é, muuuiita coisa aconteceu, muitos processos inconscientes (destacando aqui apenas os aspectos emocionais) entraram em ação para formar você, do jeitinho que só você é" (postado em 03/02/2009) agora. Conforme falei para minhas amigas, a questão aqui é: o que ocorre emocionalmente com os bebês, que os marca prá sempre. Quando se tornam crianças já têm uma loonnggaaa experiência emocional. Se engana quem pensa que o bebê só dorme e faz cocô, no caso do recém-nascido, como já ouvi várias pessoas dizerem. Se engana quem acha que o bebê não tem vontade própria. Se engana, mil vezes mais, quem imagina que as coisas que acontecem com um bebê são menos marcantes do que as que ocorrem na vida de uma criança mais velha, ou de um adulto, porque, segundo elas, os bebês não entendem e esquecem. Se engana, extraordinariamente, as mães que preferem tirar licença do trabalho quando o bebê estiver maior(aquelas que podem escolher, claro!!), porque no início da vida eles não precisam da presença delas. NÃO!!! O que se passou com você, comigo, e com todos nós, enquanto éramos bebês, todas as experiências diárias, estão dentro da gente. Só que transformaram-se: em comportamentos específicos de cada um, formas próprias de pensar, temperamentos, atitudes, capacidade criativa, capacidade de encantamento, capacidade de alegrar-se, ou deprimir-se, ou isolar-se, etc., etc..
Grifei a palavra 'diárias', não por acaso. Quando estamos falando de bebês - e do início da vida emocional humana - precisamos ter em mente que o tempo é um elemento primordial na discussão. Cada hora, minuto, segundo em que um bebê humano está vivo, está experimentando emoções, vivenciando experiências as mais diversas. E, cada vez mais, conforme vai ganhando autononomia motora, cognitiva, fisiológica, neurológica - aprendendo a rolar, arrastar-se, engatinhar, comunicar-se, sorrir, pedir, recusar, protestar, sentar, andar, etc.. Um dia inteiro, portanto, é uma imensa teia de retalhos estampados por emoções vividas. Alguém precisa costurar estes retalhos. Dar-lhes sentido, de modo a permitir que o bebê saiba que é ele quem está experimentando tudo isso - do começo ao fim de cada experiência. E quem faz isso é aquela pessoa responsável por cuidar do bebê - o cuidador. Tanto melhor se for a própria mãe. E como é que o cuidador faz isso? Conforme o nome diz - cuidando. O amor é compreendido pelo bebê através dos cuidados permanentes, insistentes, persistentes e consistentes, que ele recebe diariamente: cada choro acolhido no tempo adequado, cada fralda trocada há tempo de devolver-lhe o conforto perdido, todo colo oferecido (e Todos são bem-vindos), cada peito (ou mamadeira) dado no momento (tempo) em que ele está preparado para recebê-lo. Aos olhos dele isso é que é amor. É a partir destes cuidados que formará as bases que lhe permitirão amar do jeito próprio, somente dele, de amar. São estes cuidados que lhe permitirão formar vínculos: com o trabalho, com o companheiro(a), com a família, com a sociedade. Então, repetindo: "(...)cada ser humano tem história própria - pessoal e intransferível, no que concerne à vida emocional. E a história começa nos primeiros segundos do seu nascimento(...)" (postado em 03/02/2009).
(To be continued)
Leftovers à la française
Há 4 anos