sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Mães Suficientemente Boas

Ontem visitei um blog que tratava de conversas com mães, em geral. Fiquei feliz com o que encontrei num comentário de uma mãe: ela fazia uma comparação entre "nossos" filhos e os gremlins - aqueles personagens do cinema que, mediante certas condições, viravam monstros vorazes e inabordáveis. Pois bem, esta mãe zelosa e responsável, perguntava-se se, às vêzes, lidava com o filho de forma semelhante àquela que os gremlins exigiam ser tratados, ou seja, sem nunca "receber um não, como resposta". Isto realmente me inspirou. Dizer não para as crianças, de modo oportuno, é de uma importância enorme. O não é um limite dado, que ordena a relação desta criança com o seu entorno. Mas, mais do que isto,estabelece/constitui limites, contorno, formato, um continente dentro da criança - quero dizer, no mundo interno dela. Mundo interno, dito deste ponto de vista, é todo o território do campo emocional, onde são construídas as bases que regularão quase todos os aspectos da nossa relação com o mundo que nos rodeia e com nós mesmos. Não tenho certeza do quão claro fica o que estou tentando falar aqui. Ora, se este continente, ou território habitado pelas emoções de cada criança, de cada ser humano vivo,por onde circulam alegrias, sustos, surpresas, ansiedades,tensões, amor, tristeza, frustração, raivas, medos, receios, expectativas, angústias, paixões, fome, gula, necessidades as mais diversas,etc,etc,etc,etc... se este ambiente interno é como uma casa sem paredes - os tais limites, contornos, então a pessoa vai viver apavorada, e muitíssimo ocupada em conter, defender, manter juntos, seus pertences, neste caso, suas emoções, quer dizer, seu mundo interno. Não há tempo para usufruir dos ganhos que o crescimento trará, dia após dia, de usufruir das conquistas obtidas e de ir construindo à si própria (cada criança) em contato com experiências positivas, leves, livres. Aquele quadro descrito relaciona-se às patologias, o que, de todo modo, representa sofrimento, inadequação a realidade, e diversas dificuldades, todas presentes no universo de relações de todos nós, ou, eventualmente, em nós mesmos. O não dito de modo adequado, circunscrito num contexto amoroso e firme, funciona como a construção de uma casa plena, na verdade mais do que a casa, fisicamente falando. E, sim, a possibilidade de construir internamente um lar. É aconchegante a idéia de ter uma lar para viver, não é mesmo? Bjs.
Ah! Vou procurar o nome do Blog e aviso!

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